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Ensino presencial

Ensino presencial versus à distância

Realizar um debate de ideias sobre as políticas de formação à distância e presencial no Reiki e a continuada formação de Mestres de Reiki, e analisá-las no contexto da educação portuguesa é um dos desafios, que me imponho como objetivo deste artigo, em concordância das pesquisas que a APRE como associação de Reiki tem vindo a desenvolver neste campo.

Em face desta opção, outros desafios aqui se impõem na medida em que precisam ser discutidas também questões externas à formação inicial e continuada de praticantes de Reiki, mas que interferem na qualidade de ensino, entre elas a regulação de um sistema de formação adequado, mas que deverá ter a certificação de competências pelas associações de Reiki, e a criação de um órgão regulador da profissão, por integrantes da categoria profissional de Mestre de Reiki. No nosso país, a formação de praticantes de Reiki é realizada na sua grande maioria em cursos presenciais, numa modalidade normal de três módulos. 

A formação continuada, por sua vez, se fará em diferentes módulos, segundo determinados princípios norteados por Mikão Usui, Chujiro Hayashi e Hawayo Takata. O objetivo do presente trabalho é analisar as vantagens e desvantagens da iniciação e ensino à distância e presencial e também em relação à qualidade da educação básica e no profissionalismo de um futuro Mestre de Reiki. Com efeito, abordo a certificação de competências nos dois sistemas de ensino e a necessidade de controlo na formação e exercício profissional do praticante. Abordo também estudos e discussões que têm sido feitos acerca destes sistemas, e a necessidade de um organismo de controlo semelhança a um conselho ou ordem profissional e coordenado por profissionais de Reiki. Assim no entendimento da APRE Associação de Reiki, a formação de um praticante de Reiki é uma prática pedagógica, na qual se articulam teoria e prática. Nesse sentido, considero importante circunscrever está questões no ensino à distância. Tal discussão requer, ainda, revelar que a sociedade, educação, cultura e formação de praticantes de Reiki e futuros Mestres devem estar apoiadas num projeto que sustenta as políticas de formação numa escola de Reiki ou num espaço público. Ademais, é bastante visível a tensão entre dois sistemas de ensino que convivem em disputa na arena de poder das políticas educacionais. De um lado, está o ensino e formação à distância, defendido por Mestres de Reiki, que nos seus discursos enfatizam a qualidade social da formação online. De outro lado, encontra-se o sistema presencial defendido pela sociedade civil organizada em entidades educacionais reunidas no movimento nacional de associações, cuja luta tem por princípio a qualidade social para formar futuros praticantes de Reiki que irão atuar na educação básica de outros alunos.

É preciso esclarecer que, embora para a APRE, todas as entidades educacionais alinhadas aos parâmetros da qualidade social na educação sejam dignas de respeito.

 

Razões dos sistemas de ensino presencial e à distância

Os Mestres de Reiki que defendem o sistema de ensino e formação presencial, enquadrados numa rede de associações e organizações que defendem que o ambiente pessoal com um Mestre e o espaço físico são o mais adequado para formar um profissional de Reiki. Esses educadores consideram que é num espaço físico com um Mestre presente, que o Mestre poderá preparar-se para o domínio do trabalho pedagógico, cujo ponto de partida e de chegada é a prática das técnicas e da sua utilização. No espaço físico o estudante desenvolve a sua trajetória de formação e vai construindo, coletivamente, apoiado por um professor e orientador. Essa é uma forma sustentada e correta de pensar, refletir em grupo, criar, enfim, apreender e socializar o conhecimento já acumulado pela humanidade, produzir novos conhecimentos acerca das técnicas e posturas de Reiki, além do saber adquirido pelo seu orientador e Mestre na área de ensino.

 

Conceções de formação inicial e continuada de mestres e o profissionalismo

A palavra "formação" é susceptível de múltiplas interpretações. De origem latina, vem de formatione, que significa acto, efeito, modo de formar. O termo reporta-se "ao conjunto de conhecimentos e habilidades específicos a um determinado campo de atividade prática ou intelectual".

conceito de formação está ligado a uma lógica da prática, à produção (do sujeito que se forma) e deve ter em conta a identidade do formando, as suas representações sociais, afectivas e culturais". Nestes termos, teoria e prática, saber e ação necessitam articular-se no processo de formação, assim como no trabalho docente as concepções de sociedade, homem, educação, o conhecimento específico e as habilidades operativas, técnicas e tecnológicas não se separam. Também pode ser concebida como processo de desenvolvimento que se realiza em decorrência de maturação interna do sujeito e da aprendizagem contínua. Apesar de serem múltiplas as acepções de formação, destaca que a formação de praticantes de Reiki deve possuir uma natureza específica e apresenta particularmente três traços distintivos de qualquer outra formação: 

  • É uma tripla formação, pois, simultaneamente, é teórica, prática e pedagógica
  • É uma formação profissional, porquanto tem por finalidade formar pessoas que irão se dedicar à formação de outros praticantes
  • Constitui formação de Mestres de Reiki, porque se desenvolve num espaço em que se realiza a formação de quem se forma ao mesmo tempo em que ocorre a prática profissional do formador

 

O processo de formação de praticantes de Reiki necessita contemplar essa multiplicidade de conhecimentos e saberes, para que o estudante atinja a maturação interna, e uma solidez de conhecimento e práticas que lhe confiram o preparo teórico, habilidades para desenvolver o trabalho de cura a outros e uma certa emancipação profissional para começar a exercer a profissão. Um curso de ensino que se ocupa do preparo do profissional de Reiki para seu ingresso no mercado profissional, é reconhecido pelas associações com um curso de formação certificado e reconhecido. Está formação vai habilitar o ingresso na profissão, e deverá garantir um preparo específico, com um corpo de conhecimentos que permita ao profissional de Reiki a condução do trabalho pedagógico e que, portanto, este profissional seja preparado para o domínio desse trabalho e para estabelecer relações que satisfaçam às necessidades para as quais ele foi formado.

Assim sendo, a formação inicial é feita em associações e espaços recomendados e especializados. Para a maioria dos Mestres de Reiki, concluíram que uma formação inicial adequada de um praticante de Reiki é muito importante para o crescimento e desenvolvimento dos praticantes. O treino regular dos praticantes de Reiki, é uma das modalidades de formação continuada presencial de muitos Mestres de Reiki. Temos que notar que o “Mestres de Reiki” dos cursos online ou não presencial foi endereçado ideias de forma a corrigir um desvio nos seus métodos de ensino educacional à distância. 

O sistema de ensino de Reiki à distância admite pessoas sem serem devidamente formadas, em nesta consequência o ensino será descontinuado e alterado de Mestre para Mestre. Esses praticantes de Reiki, todavia mais cedo têm retomado procedimentos de "reciclagem" e de "práticas e partilhas em grupo", tão usados normalmente por outros Mestres credenciados. Esses procedimentos são utilizados não para complementar os processos formativos do ensino à distância, mas sim para substituir a formação inicial. É bastante cruel a realidade do ensino de Reiki à distância, que ainda conta com os chamados "Mestres leigos”. Está realidade tem mantido em índices insignificantes atualmente, mas o número de pessoas leigas a dois ou três anos a traz era assustador. Para a formação desses "Mestres leigos” algumas iniciativas foram tomadas pela APRE, entre elas, acções de formação regionais. Como resultado destas ações de formação constatou-se que as regiões beneficiadas apresentaram índices reduzidos de praticantes com o sistema de ensino à distância. No que tange ao ensino continuado em Portugal, a modalidade presencial é cada vez mais intensa por força das mudanças provocadas pelas reformas educacionais feitas pelas associações de Reiki. 

A APRE Associação Portuguesa de Reiki Essencial admite que a formação à distância de Reiki num futuro próximo seja descontinuada e alterada pelo sistema de ensino presencial.

Em virtude da vivência e do conhecimento atual e do domínio das novas técnicas de Reiki, o praticante de Reiki deve ter a maturidade para se aperfeiçoar com a presença do professor num mesmo espaço e durante um tempo de formação contínua. Os cursos presenciais, são reconhecidos com um "modelo de aprendizagem apropriado aos praticantes de Reiki com maturidade e motivação necessárias à auto-aprendizagem e possuindo um mínimo de habilidades de estudo".

O caminho que o estudante de Reiki percorre para tornar-se Mestre de Reiki, sobretudo nos processos de formação e profissionalização, contribui de maneira relevante para a transformação do aluno em professor. Para tanto, é preciso o domínio de um conjunto de conceitos, técnicas e práticas de Reiki como uma forma de tornar nítida a identidade de um Mestre. Nesta trajetória, a APRE tem o entendimento de profissionalidade como um conjunto de conhecimentos, de saberes, de capacidades de que o professor dispõe para o desempenho das suas atividades. Assim, profissionalidade consiste de uma complexa conjugação de requisitos profissionais indispensáveis àquele que procura uma formação para o futuro exercício no campo da docência. O profissionalismo, por sua vez, pode ser conceituado como o desempenho competente e um compromisso de deveres e responsabilidades no exercício da profissão de Mestre de Reiki.

 

Certificação de competências de um mestre de Reiki

Coerente com os princípios de Reiki a APRE como associação reguladora no âmbito nacional decidiu aplicar nos seus estatutos e regulamentos internos o ensino somente presencial à formação de futuros praticantes de Reiki na educação básica no modelo de competências e excelência (qualidade total), cujo objetivo primordial é o desenvolvimentos e qualidade no ensino de Reiki em Portugal. Este modelo está direcionando ao sistema educacional para todos os praticantes, e é evidente que o modelo presencial é o resultado das políticas de formação de professores pela APRE e muitas outras associações nacionais e internacionais. Também na lei nacional (lei de base 45/2003) para que o Reiki seja reconhecido como uma terapia complementar, encontramos razões na harmonização dos métodos com base em estudos do modelo educacional presencial na formação de professores e certificação de competências.

As críticas apontadas ao sistema à distância são a falta de acompanhamento presencial de um Mestre qualificado, falta de aulas de apoio e partilhas de Reiki em grupo, e ainda as iniciações de Reiki à distância em substituição de iniciações presenciais. Os Mestre de Reiki que defendem o método de ensino à distância estão demais preocupados com um discurso ideológico sobre as funções online (não precisam sair de casa para aprenderem, valores mais baixos nos cursos, capacidade de transmitir o ensinamento a mais alunos) e acabam deixando em segundo plano as evidências deficiências na prática e desenvolvimento relacional entre aluno e Mestre, no acompanhamento pedagógico que de facto não existe.

Essa crítica nem sempre é bem aceite pelos defensores do ensino à distância, que são resistentes à organização de um sistema presencial maioritariamente elegido pelos Mestres de Reiki por todo o mundo. Os sistemas de ensino devem assegurar a valorização dos profissionais da educação mediante "ingresso gradual e acompanhamento contínuo, como ainda partilhas em grupo para um desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional continuado”. 

Ao nosso ver, o processo presencial é um instrumento de balanço das competências por meio de testes padronizados aplicados em larga escala sem considerar a cultura da escola, da comunidade e da linhagem do professor, visando a satisfazer necessidades do aluno e futuro Mestre, com reflexos na profissionalidade e qualidade do praticante de Reiki. A APRE manifestou-se sobre o assunto em diversas palestras públicas, durante debates ocorridos desde a sua criação em 2010. Do ponto de vista da certificação ou acreditação predominam elementos estruturais que pretendemos implantar em subsituação dos métodos à distância, como a lógica da formação colectiva e de uma responsabilização dos gestores para com a formação continuada e presencial. Apesar desta discussão não ser exclusiva da APRE, optamos pela criação de um documento explicativo acerca do assunto, tendo em vista que é um assunto que levanta sempre questões morais e pessoais e nem sempre fáceis de um consenso generalizado.

 

Considerações finais

À luz das reflexões aqui feitas, a APRE enuncia algumas considerações:

  • A quantidade de matrículas em cursos de Reiki presenciais abrangeu 94% do mercado no último ano de 2022, resultando num aumento de qualidade no desempenho do aluno. Diante desse facto, lembramos que preferimos a qualidade do ensino em detrimento da quantidade
  • A histórica dualidade do ensino presencial e do ensino à distância teve a capacidade de despertar a consciência colectiva da sociedade e das organizações ligadas as terapias complementares
  • A certificação de competências do ensino à distância tenderão a diminuir e talvez sejam eliminados num futuro próximo, dependendo dos regulamentos internos de cada associação ligadas ao Reiki
  • A formação presencial qualificada de Mestres de Reiki tiveram um avanço significativo com os debates e reflexões da APRE, no que se refere ao ensino normalizado entre escolas, porquanto incorporou técnicas, regras e condutas na formação e traçou nítidas orientações para que o Reiki ganhe uma identidade própria
  • Por fim, devo destacar que as próprias considerações finais estão alinhadas no apoio continuado do aluno, tanto na parte teórica e prática de forma à profissionalização do Reiki e dos seus praticantes num futuro próximo

 

Obrigado.
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